Desabafos exclusivos de uma lenda: Moacyr Franco e os bastidores de sua jornada, em Arapiraca 1986

Em 1991, a cidade de Arapiraca se preparava para um evento memorável no dia 30 de outubro. Graças ao empresário Paulo Barbosa, conhecido por trazer as maiores estrelas da música brasileira para a cidade, a AABB (Associação Atlética Banco do Brasil) estava prestes a receber uma atração inédita. Moacyr Franco, um artista que conquistou o público brasileiro com seu programa "Moacyr Franco Show" na televisão, estava chegando pela primeira vez após seu enorme sucesso na mídia. Os ingressos para o espetáculo esgotaram rapidamente, evidenciando a grande expectativa do público.

Moacyr Franco, além de ser um renomado humorista e compositor, é reconhecido por sua dedicação à cultura brasileira, marcando presença no teatro, palco e circo com seu humor familiar. Sua popularidade se estendeu aos anos 80, quando interpretou o papel de um mendigo no programa "A Praça é Nossa" do SBT, de Silvio Santos. Seu repertório musical, composto principalmente por baladas românticas que se tornaram hits nas vozes de cantores sertanejos, inclui clássicos como "Cartas na mesa", "Eu nunca mais vou te esquecer", "Querida", "Eu amo tanto, tanto", "Eu te darei bem mais" e "Balada nº 7", uma homenagem a Garrincha, entre outros sucessos.

A chegada de Moacyr a Arapiraca foi um momento especial não apenas para os fãs, mas também para os profissionais envolvidos. Eu tive o privilégio de me encontrar com ele em seu apartamento no Hotel Plaza, onde também morei por três anos sob a gestão de Carlos Alberto, e com a administração de Zé Alexandre, Aurelino Ferreira Barbosa, Adelmo de Junqueiro, entre outros empresários que contribuíram para o estabelecimento do primeiro grande hotel do interior de Alagoas.

Relembrando os eventos da TV Gazeta, onde Moacyr e eu compartilhamos momentos durante a celebração do primeiro aniversário da emissora em 1976, a entrevista que conduzi com ele décadas depois revelou não apenas o artista carismático, mas também um homem cheio de reflexões sobre sua trajetória. Durante nossa conversa, que se estendeu até o anoitecer sem que percebêssemos, Moacyr expressou sua mágoa com a Rede Globo e compartilhou lembranças de sua carreira e vida pessoal, incluindo a relação com seu filho e o talento que sentia estar sendo negligenciado.

Esta entrevista, parte de um acervo de mais de 3.000 reportagens realizadas em Alagoas, é um testemunho valioso da rica história cultural da região e do impacto duradouro de artistas como Moacyr Franco na memória coletiva de seus habitantes. Agora, disponibilizada como parte da coleção "Túnel do Tempo" do Museu da Imagem de Aldir Valões, ela oferece uma janela para o passado, celebrando a arte, a música e as histórias que moldaram Arapiraca e Alagoas.