Coreia do Sul dispara tiros de aviso depois que soldados da Coreia do Norte atravessaram a fronteira rapidamente

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Coreia do Sul dispara tiros de aviso depois que soldados da Coreia do Norte atravessaram a fronteira rapidamente
Segundo a agência Yonhap, incidente aconteceu no domingo (9). Há semanas, os dois países travam uma "guerra" de balões, com envios de lixo e fezes do lado norte-coreano, e notas de dólar, pen drives com k-pop e panfletos políticos por parte de ativistas sul-coreanos. Panfletos contra os líderes da Coreia do Norte que estão sendo levados ao país em balões enviados pela Coreia do Sul

Kim Hong-Ji/Reuters

Militares da Coreia do Sul afirmaram que deram disparos de aviso depois que alguns soldados da Coreia do Norte atravessaram brevemente a fronteira que separa os dois países no domingo (9). A informação foi divulgada pela agência de notícias Yonhap na terça-feira (11), ainda segunda-feira no Brasil.

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Recentemente a Coreia do Norte voltou a enviar centenas de balões repletos de lixo para o Sul, anunciou o Exército sul-coreano

Há semanas, os dois países travam uma "guerra" de balões, com envios de lixo e fezes do lado norte-coreano, e notas de dólar, pen drives com k-pop e panfletos políticos por parte de ativistas sul-coreanos.

O governo norte-coreano ainda não havia confirmado o envio até a última atualização desta reportagem, mas a influente irmã de Kim Jong-un disse que seu país continuaria a enviar os artefatos em resposta a Seul -- na semana passada, ativistas sul-coreanos e chamou a guerra de balões entre os dois países.

Entenda a guerra de balões entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul

Nas últimas semanas, a Coreia do Norte enviou centenas de balões com sacos repletos de lixo, como cigarro, papel higiênico e fezes, para o Sul, depois que ativistas sul-coreanos lançaram balões com pendrives de música K-pop, notas de dólares e material de propaganda contra o líder Kim Jong Un.

A resposta do Norte levou o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, a suspender na semana passada um acordo militar de distensão assinado com Pyongyang em 2018, quando os países tinham uma relação melhor.

Desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953) com um armistício, as duas Coreias permanecem tecnicamente em guerra e estão separadas por uma zona desmilitarizada. O acordo de 2018 pretendia reduzir as tensões na península e evitar uma escalada militar, em particular ao longo da fronteira.

Agora, a suspensão permite que Seul retome os exercícios de tiro e as campanhas de propaganda contra o regime do Norte, com alto-falantes na fronteira, uma técnica iniciada durante a guerra.

A medida enfureceu Pyongyang, que alertou que Seul estava criando uma "nova crise".

Nesta segunda-feira, Kim Yo Jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un e porta-voz do governo, afirmou em um comunicado que a Coreia do Sul "sofrerá o amargo constrangimento de recolher papel usado sem descanso, e essa será sua tarefa diária".

No comunicado, divulgado pela agência estatal de notícias KCNA, ela descreveu o lançamento de panfletos por ativistas sul-coreanos como "guerra psicológica" e afirmou que, caso Seul não os interrompa e pare transmitir mensagens por seus alto-falantes, o Norte responderá com "novas ações de neutralização".

Uma reposta 'além da imaginação'

Ativistas enviam balões com vídeos de k-pop e panfletos para a Coreia do Norte

O Exército sul-coreano afirmou que o Norte lançou mais de 300 balões com lixo durante a noite, mas que o vento prejudicou a operação de Pyongyang.

"Enviaram mais de 310 balões, mas muitos deles voaram na direção da Coreia do Norte", destacou o comandante do Estado-Maior. Ele disse que quase 50 atingiram o território sul-coreano e que outros podem chegar ao país.

Segundo as Forças Armadas, as últimas séries de balões contêm resíduos de papel e plástico, mas nada tóxico.

"Até o momento, não vimos nenhum movimento especial por parte do Exército norte-coreano", disse um oficial do Estado-Maior sul-coreano, ao mesmo tempo que admitiu que o comunicado mais recente de Kim Jo Yong tem um nível de ameaça diferente dos anteriores.

"Mas, em qualquer caso, o Exército (sul-coreano) responderá de modo suficiente a qualquer nova contramedida norte-coreana" acrescentou.

Para Kim Dong-yub, professor na Universidade de Estudos da Coreia do Norte em Seul, o comunicado da irmã de Kim Jong Un mostra que Pyongyang "está levantando a voz para culpar a Coreia do Sul pela situação atual e, também, para justificar a sua provocação".

A escalada pode continuar e "a Coreia do Norte fará algo que vai além da nossa imaginação, como espalhar farinha, o que causaria pânico absoluto na Coreia do Sul", cujos habitantes acreditariam estar sob ataque biológico, completou o professor.