Rebeca Andrade percorreu longo caminho para se tornar a maior medalhista olímpica do Brasil
A ginasta já era uma atleta com reconhecimento internacional.
A ginasta já era uma atleta com reconhecimento internacional. Mas, depois do que fez em Paris, Rebeca vai passar a conviver com a admiração de uma torcida maior até que o país que ela representa. Rebeca Andrade percorreu um longo caminho para se tornar a maior medalhista olímpica do BrasilO caminho da Rebeca Andrade para a conquista gigantesca em Olimpíadas foi muito longo. Dez centímetros, aproximadamente a largura do nosso coração. É sobre essa trave tão estreita que as ginastas têm de equilibrar não só o coração, mas o corpo inteiro.Nesta segunda-feira (5), de forma inesperada, a trave revelou outra força de Rebeca: o equilíbrio mental. Na conversa com Simone Biles, as duas sem medalha nesse aparelho, a reação foi um simples "fazer o quê, né?". O importante era continuar.Quantas vezes Rebeca teve de repetir essa frase para si mesma ao longo da vida, especialmente nas três lesões graves que teve no joelho. Outras teriam desistido, mas a reação de Rebeca foi: "fazer o quê, né?", continuar.E, aos poucos, ela foi chegando. Em Tóquio, três anos atrás, vieram as duas primeiras medalhas. Lá, a grande rival se retirou de quase todas as provas por questões de saúde mental. Os críticos podiam dizer que as medalhas de Rebeca vinham com um asterisco e a frase: "Simone Biles não participou". Fazer o quê, né? Continuar.Em Paris, o mundo da ginástica parecia ter reservado um lugarzinho para ela, lugar bacaninha: melhor atriz coadjuvante. Sabe, aquela que brilha mas sem incomodar a estrela principal. Um degrauzinho abaixo, pior que uma montanha intransponível. Fazer o quê, né? Continuar.Talvez Rebeca tenha aprendido essa mistura de paciência com coragem com a própria mãe. Rosa criou oito filhos, os cinco mais velhos sozinha. Com esse exemplo, a filha dela aprendeu a fazer as coisas certinhas. Na vida e no esporte, aprendeu a força da mulher.Ela já era uma atleta com reconhecimento internacional. Mas, depois do que fez em Paris, Rebeca Andrade vai passar a conviver com a admiração de uma torcida maior até que o país que ela representa. De agora em diante, o mundo vai acompanhar cada movimento de Rebeca Andrade do Brasil.A surpresa foi o movimento das adversárias no pódio. Um gesto de nobreza. De mulheres que, mesmo não sendo do mesmo país, celebram semelhanças acima das diferenças. A reverência a Rebeca veio nos relembrar que o Brasil é um país querido, de gente querida. Foi um momento tão grandioso, mas tão grandioso, que, junto com a alegria, bateu uma saudade de alguns ídolos do nosso esporte, que é melhor nem dizer o nome para não começar a chorar.A alegria deixa a gente com vontade de abraçar Rosa, de abraçar a filha dela também. E a saudade era de uma pessoa que deixasse o Brasil inteiro com vontade de se abraçar.POR TRÁS DA MEDALHASérie do JN mostra pessoas importantes para o sucesso de atletas brasileiros em ParisGrave lesão muda a relação entre Thaísa e José Roberto Guimarães: 'Hoje, a gente se ama'Alison dos Santos fala da importância do melhor amigo: 'Energia de família'Conheça a parceria vitoriosa entre Isaquias Queiroz e uma médica: 'Família'Com apenas 16 anos, Rayssa Leal busca segunda medalha olímpica com treinador que é parte da família