Por que Botsuana ameaça enviar 20 mil elefantes para Alemanha: 'Não é brincadeira'
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Quase um terço da população global de elefantes vive no país africano. As autoridades procuram medidas para controlar o crescimento dessa população. Elefante fotografado em Botsuana, em setembro de 2019Monirul Bhuiyan/AFPVocê consegue imaginar 20 mil elefantes andando por um parque na Alemanha?Pois bem, na terça-feira (2), o presidente de Botsuana ameaçou enviar esse número de animais para o país europeu devido a um debate sobre conservação ambiental.A história começou no início deste ano, quando o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha sugeriu regulamentar a importação de troféus provenientes da caça de animais.Isso fez com que o presidente de Botsuana, Mokgweetsi Masisi, reagisse e dissesse através dos meios de comunicação alemães que tal decisão apenas ajudaria a empobrecer o seu país.? Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsAppMasisi explicou que devido aos esforços de conservação dos animais, o número de elefantes aumentou exponencialmente, por isso caçá-los ajuda a manter o equilíbrio ambiental."Os alemães deveriam conviver com os animais da maneira que nos dizem para fazer. E não estou brincando", explicou Masisi ao jornal alemão Bild.Botsuana tem quase um terço da população mundial de elefantes – cerca de 130 mil – muito mais do que o espaço disponível para eles.Segundo o presidente africano, manadas de elefantes causam danos a propriedades, comem colheitas de agricultores e atropelam moradores.Nos últimos meses, Botsuana doou 8 mil elefantes a Angola e ofereceu outros cem a Moçambique, com a ideia de reduzir o número desses animais no seu país."Gostaríamos de oferecer o mesmo presente à Alemanha. E não vou aceitar um não como resposta", explicou Masisi.Proibir a caçaGrupos de defesa dos direitos dos animais dizem que a caça de troféus — caçar um animal para tirar a cabeça ou a pele como troféu — é cruel e deveria ser proibida.A Alemanha é o país da União Europeia que mais importa troféus de caça, de acordo com um relatório de 2021 da sociedade de direitos humanos Humane Society International.A Botsuana proibiu a caça em 2014, mas levantou as restrições em 2019 sob pressão de várias populações locais.O país emitiu então uma série de limites anuais de caça, observando que constituía uma boa fonte de dinheiro para a economia local e que também desencorajava a caça de animais selvagens, que é proibida no país.Botsuana já considerou usar elefantes como ração para animais de estimação.Uma porta-voz do Ministério do Ambiente em Berlim disse à agência de notícias AFP que Botsuana não levantou oficialmente quaisquer preocupações com a Alemanha sobre o assunto."À luz da alarmante perda de biodiversidade, temos uma responsabilidade especial de fazer todo o possível para garantir que a importação de troféus de caça seja sustentável e legal", disse.O ministério, no entanto, continua em conversas com os países africanos afetados pelas regras de importação, incluindo a Botsuana, disse a porta-voz.Austrália, França e Bélgica estão entre os países que proibiram o comércio de troféus de caça.Em março, o Parlamento britânico votou a favor da proibição da importação de troféus de caça, mas o regulamento deve ser revisto antes de se tornar lei.Botsuana, juntamente com os seus vizinhos Zimbabue e Namíbia, também argumentou que deveria ser autorizado a vender as suas reservas de marfim, material proveniente das presas de animais como elefantes, para poder ganhar dinheiro com o crescente número dessa espécie.Mas os países da África Oriental, bem como os grupos de direitos dos animais, se opuseram, dizendo que isso encorajaria a caça clandestina.Esta reportagem foi originalmente publicada em https://www.bbc.com/portuguese/articles/cj7vvmmlm0xo VÍDEOS: mais assistidos do g1